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Coluna

Ativos digitais e o futuro das finanças

14 de janeiro de 2025

5 min de leitura

Tecnologias como criptomoedas, tokens não fungíveis (NFTs) e sistemas de finanças descentralizadas (DeFi) estão reconfigurando os mercados

Os ativos digitais têm sido um dos temas mais disruptivos e relevantes do cenário global. Tecnologias como criptomoedas, tokens não fungíveis (NFTs) e sistemas de finanças descentralizadas (DeFi) estão desafiando paradigmas econômicos, reconfigurando mercados e introduzindo questões regulatórias e éticas. Isso tem causado discussões relevantes tanto no mercado financeiro quanto na academia a respeito desse tema.

A literatura existente sobre ativos digitais reflete a complexidade desse fenômeno, abordando desde tópicos amplamente estudados, como volatilidade e precificação, até questões emergentes, como impacto ambiental e tokenização de ativos tradicionais. Análises bibliométricas, como a conduzida por Baskar et al. (2024), que serviu de base para este artigo, evidenciam não somente o aumento do número de publicações, mas também a evolução dos temas de pesquisa e colaborações institucionais, evidenciando a maturidade e a crescente importância deste campo.

Desde o lançamento do Bitcoin, em 2009, a literatura científica relacionada a ativos digitais cresceu exponencialmente. A análise bibliométrica conduzida nesse estudo demonstra que o número de publicações acadêmicas passou de menos de 50 por ano em 2010 para mais de 1.500 em 2024. Esse crescimento está associado a marcos importantes, como o aumento das Ofertas Iniciais de Moeda (Initial Coin Offerings, ICOs), a popularização dos Tokens Não Fungíveis (Non-Fungible Tokens, NFTs) e a expansão das finanças descentralizadas (Decentralized Finance, DeFi). Esses eventos não só impulsionaram o interesse acadêmico, mas também incentivaram colaborações internacionais, abrindo espaço para novos temas e avanços significativos no campo.

Baskar et al. (2024) apresentaram uma revisão abrangente da produção científica sobre ativos digitais, utilizando uma abordagem bibliométrica para destacar tendências, identificar os autores e instituições mais influentes e mapear lacunas que ainda necessitam ser preenchidas. Além disso, discutiram os desafios enfrentados pelo setor, como regulamentação, acessibilidade e segurança, e apontaram direções futuras para pesquisas e aplicações práticas.

Assim como os progressos em inteligência artificial estão modificando diversas áreas, os ativos digitais têm o potencial de transformar o sistema financeiro global, oferecendo oportunidades e desafios. Este artigo visa não só explicar, mas também informar práticas futuras e decisões estratégicas no campo dos ativos digitais. Para isso, é essencial compreender não apenas os avanços alcançados, mas também os desafios e lacunas que ainda precisam ser enfrentados.

Lacunas na literatura

O avanço das pesquisas sobre ativos digitais revisitou uma série de temas emergentes que refletem os avanços tecnológicos e as mudanças nas dinâmicas econômicas, sociais e ambientais. Apesar do progresso, importantes lacunas ainda limitam uma compreensão mais abrangente e prática do impacto desses ativos.

Um dos principais desafios é a sustentabilidade e o impacto ambiental das tecnologias blockchain, especialmente as baseadas em Proof-of-Work (PoW), como o Bitcoin. O PoW utiliza um mecanismo competitivo no qual mineradores empregam grandes quantidades de poder computacional para resolver problemas matemáticos complexos, garantindo a validação de transações e a segurança da rede. Esse processo é altamente intensivo em energia, resultando em elevados custos ambientais. Por outro lado, o Proof-of-Stake (PoS) seleciona validadores com base na quantidade de criptomoeda que possuem e estão dispostos a “travar” como garantia, eliminando a necessidade de competição energética e reduzindo drasticamente o consumo de energia. Por exemplo, segundo dados recentes, o Bitcoin consome aproximadamente 204,5 TWh de energia por ano, o equivalente ao consumo energético da Tailândia, enquanto o Ethereum, que migrou para o mecanismo PoS, reduziu seu consumo energético em mais de 99%, ilustrando o potencial das soluções menos intensivas em energia (Ali et al., 2024; Lin, 2023).

Outro foco importante de pesquisa é a regulação dos ativos digitais. O desenvolvimento acelerado dessas tecnologias supera frequentemente a capacidade regulatória dos governos, criando incertezas para investidores e dificultando a adoção em larga escala. O colapso da exchange FTX em 2022, devido a práticas não regulamentadas, é um exemplo claro dos riscos dessa lacuna regulatória, causando prejuízos a milhares de investidores. Questões sobre harmonização global permanecem particularmente relevantes em economias emergentes. Em países como El Salvador, por exemplo, a adoção do Bitcoin como moeda legal trouxe inclusão financeira, mas também expôs riscos significativos devido à volatilidade do ativo e à ausência de uma infraestrutura regulatória robusta.

A adoção de ativos digitais em economias emergentes é outra área de destaque. Em regiões com infraestrutura bancária limitada, criptomoedas têm sido utilizadas como reserva de valor e meio de pagamento, oferecendo alternativas viáveis para inclusão financeira. No Quênia, por exemplo, plataformas como a BitPesa permitem transferências internacionais de baixo custo, beneficiando pequenas empresas e trabalhadores que dependem de remessas financeiras. Contudo, a exclusão digital em regiões rurais ainda representa um obstáculo significativo. De forma semelhante, na Índia, stablecoins têm sido utilizadas para oferecer alternativas de pagamento seguras e acessíveis em áreas rurais. Apesar dessas iniciativas, análises mais amplas sobre os impactos sociais e econômicos dessa adoção permanecem escassas.

Além disso, a segurança das redes blockchain é um tema crítico. Apesar dos avanços, ataques a contratos inteligentes (smart contracts), fraudes em exchanges e outras vulnerabilidades continuam representando riscos significativos, especialmente para investidores individuais. O ataque à Poly Network em 2021, que resultou no roubo de mais de US$ 600 milhões, destacou a necessidade de auditorias de código mais rigorosas e redes mais resilientes. Paralelamente, exchanges como a Binance têm implementado ferramentas de monitoramento baseadas em inteligência artificial para mitigar fraudes, mas pequenos investidores permanecem vulneráveis a esquemas como phishing e rug pulls.

Por fim, a interdisciplinaridade limitada no campo é uma barreira importante. A maioria dos estudos concentra-se em perspectivas econômicas ou tecnológicas, negligenciando integrações com áreas como direito, ética e ciências sociais. O contexto venezuelano oferece um exemplo ilustrativo. Diante das dificuldades econômicas e da depreciação do bolívar, comunidades marginalizadas na Venezuela têm recorrido a criptomoedas, especialmente stablecoins como o USDT, para preservar valor e realizar transações. No entanto, desafios significativos persistem, como a exclusão digital em áreas rurais e a falta de alfabetização digital, que limitam a adoção mais ampla dessas tecnologias (Mattos et al., 2020).

Adicionalmente, estudos como “El nuevo dólar gris en Venezuela es digital” destacam como a crescente dependência de ativos digitais nesse contexto evidencia a necessidade de análises que transcendam as dimensões puramente econômicas. Esses desafios são ampliados por barreiras culturais e infraestruturais, que dificultam o acesso equitativo às inovações tecnológicas. Sem uma abordagem interdisciplinar, que considere fatores sociais e culturais, as criptomoedas correm o risco de perpetuar desigualdades existentes, ao invés de mitigá-las (El País, 2024).

Portanto, análises futuras devem explorar as interações entre tecnologia, sociedade e economia, promovendo uma compreensão mais abrangente do impacto dos ativos digitais em contextos de vulnerabilidade. Isso inclui integrar áreas como ciências sociais e direito, buscando soluções que abordem tanto os benefícios quanto os riscos associados à adoção de tecnologias financeiras emergentes.

A identificação desses temas emergentes e lacunas apresenta uma oportunidade única para colaborações interdisciplinares que acelerem o desenvolvimento de soluções inovadoras. Pesquisas futuras devem priorizar frameworks regulatórios que equilibrem inovação e segurança, o desenvolvimento de tecnologias sustentáveis e a exploração de como os ativos digitais podem promover inclusão social e econômica. Ao abordar essas questões, será possível maximizar o impacto positivo dos ativos digitais e transformá-los em ferramentas fundamentais para o desenvolvimento global sustentável.

Futuro

Os ativos digitais estão redefinindo o sistema financeiro global, promovendo inovação, inclusão e eficiência. Desde o surgimento do Bitcoin até a popularização de NFTs e DeFi, essas tecnologias ampliaram as fronteiras das finanças e introduziram novos desafios regulatórios, ambientais e tecnológicos. Apesar disso, os avanços no campo, como a tokenização, e o uso de tecnologias sustentáveis evidenciam seu potencial transformador.

Os desafios, como a volatilidade elevada, o impacto ambiental e a falta de regulamentação uniforme, ainda limitam sua adoção em larga escala. Superar essas barreiras exigirá colaboração entre setores, frameworks regulatórios equilibrados e investimento em tecnologias que aliem sustentabilidade e segurança. Além disso, a integração com sistemas financeiros tradicionais e a promoção da inclusão digital são essenciais para ampliar sua escalabilidade e impacto social.

Com abordagens colaborativas e inovadoras, os ativos digitais têm o potencial de construir um sistema financeiro mais resiliente e acessível, transformando a economia global para as próximas gerações.

Para ter acesso às referências deste texto clique aqui

Autor

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José Erasmo Silva

É empresário no setor de serviços, formado em matemática e administração. Tem mestrado e doutorado em administração, com foco em Finanças, e especializações em data science e analytics e em finanças e controladoria. Atualmente atua como professor no MBA em Data Science e Analytics da USP/Esalq e pesquisador na Universidade Federal da Bahia (UFBA).

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