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Coluna

DeFi: a redefinição do sistema financeiro

23 de maio de 2025

3 min de leitura

Finanças descentralizadas permitem transações diretas entre agentes econômicos e desafiam os modelos tradicionais de intermediação

Nos últimos anos, uma nova arquitetura financeira tem ganhado espaço no cenário global, desafiando as estruturas tradicionais de intermediação bancária. Trata-se de um movimento conhecido como “finanças descentralizadas”, ou DeFi, um ecossistema baseado em blockchain que permite a oferta de serviços financeiros sem a presença de instituições centralizadas.

Estima-se que esse mercado tenha movimentado centenas de bilhões de dólares desde 2020, com participação crescente de usuários individuais, desenvolvedores e investidores institucionais.

Para John, Kogan e Saleh (2023), os contratos inteligentes utilizados no DeFi não apenas automatizam transações, mas expandem significativamente o conjunto de trocas econômicas viáveis, ao eliminar a necessidade de confiança entre as partes. Essa nova lógica financeira abre caminho para um sistema mais transparente, acessível e potencialmente mais eficiente.

As finanças descentralizadas funcionam por meio de contratos inteligentes, códigos programáveis que executam automaticamente instruções financeiras quando determinadas condições são atendidas. Esses contratos são hospedados em blockchains públicas, como Ethereum, permitindo que usuários realizem operações como empréstimos, trocas de ativos, seguros e aplicações financeiras sem intermediação humana.

De acordo com Gramlich et al. (2023), esse modelo permite que qualquer pessoa com uma carteira digital interaja diretamente com protocolos financeiros descentralizados, reduzindo custos operacionais e barreiras de acesso. A eliminação de intermediários possibilita mais transparência e autonomia, características que distinguem o DeFi do sistema financeiro convencional.

Oportunidades

Um dos atrativos mais discutidos no contexto do DeFi é a possibilidade de geração de renda passiva por meio da interação direta com os protocolos. Usuários podem, por exemplo, emprestar seus criptoativos a terceiros em plataformas de empréstimo descentralizadas e receber juros em troca, ou ainda fornecer liquidez a exchanges, obtendo remuneração proporcional ao volume de transações.

Conforme destacado por Bhambhwani e Huang (2024), protocolos auditados com maior reputação tendem a atrair mais usuários e volume de capital, refletindo maior confiança na sustentabilidade desses retornos.

Há também os chamados airdrops, que consistem na distribuição gratuita de tokens digitais a usuários que interagem com determinadas plataformas ou atendem a critérios específicos, como a realização de transações ou a posse prévia de certos ativos.

Essa prática tem sido adotada como estratégia para estimular o engajamento da comunidade, promovendo a adoção de novos protocolos e recompensando a participação dos usuários. Além da possibilidade de rendimento, o DeFi também viabiliza o acesso a crédito de forma mais eficiente e, em muitos casos, com taxas de juros inferiores às praticadas por bancos tradicionais, conforme apontam John et al. (2023) e Momtaz (2024). Tais práticas têm se consolidado como alternativas às aplicações convencionais, embora envolvam riscos operacionais e de mercado.

Riscos e desafios

Apesar de seu potencial transformador, o ecossistema DeFi enfrenta uma série de desafios estruturais. Um dos principais está relacionado à segurança dos contratos inteligentes, que, quando mal escritos ou auditados de forma insuficiente, tornam-se vulneráveis a ataques e manipulações. De acordo com Aspembitova e Bentley (2023), ataques direcionados a oráculos, que funcionam como mecanismos responsáveis por fornecer dados externos aos contratos, têm sido responsáveis por perdas significativas em protocolos de empréstimo.

Além disso, a ausência de regulamentação específica dificulta a responsabilização jurídica em casos de fraude, como mostram as análises forenses realizadas por Trozze, Davies e Kleinberg (2023). Outro ponto crítico refere-se à complexidade das plataformas, que ainda representam uma barreira de entrada para usuários menos experientes. Esses fatores evidenciam a necessidade de amadurecimento tecnológico e regulatório para que o DeFi possa se consolidar de forma segura e sustentável.

Considerações finais

As finanças descentralizadas representam uma ruptura importante na forma como serviços financeiros podem ser concebidos, oferecidos e utilizados. Ao permitir transações diretas, auditáveis e programáveis entre agentes econômicos, o DeFi amplia o acesso e desafia os modelos tradicionais de intermediação. No entanto, sua consolidação dependerá da superação de desafios técnicos, como a segurança dos contratos, e institucionais, como a criação de estruturas regulatórias compatíveis com a natureza descentralizada desses sistemas. Como argumenta Salami (2021), é fundamental que os esforços de regulação acompanhem a evolução tecnológica, criando ambientes que combinem inovação com proteção ao usuário. Compreender suas dinâmicas é, portanto, essencial para quem deseja acompanhar e participar das transformações econômicas em curso.

Para ter acesso às referências desse texto clique aqui.

Autor

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José Erasmo Silva

É empresário no setor de serviços, formado em matemática e administração. Tem mestrado e doutorado em administração, com foco em Finanças, e especializações em data science e analytics e em finanças e controladoria. Atualmente atua como professor no MBA em Data Science e Analytics da USP/Esalq e pesquisador na Universidade Federal da Bahia (UFBA).

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