Projeto pretende transformar Piracicaba em cidade-esponja
24 de março de 2025
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Segundo especialistas, soluções simples, como os “jardins de chuva”, podem ser eficazes para resolver o problema das enchentes
Piracicaba, no interior de São Paulo, sofre com enchentes não é de hoje. Um estudo apresentado em 1995 no Cena/USP (Centro de Energia Nuclear na Agricultura) analisou as inundações ocorridas desde 1930 no rio que leva o nome da cidade e apontou que o fenômeno é cíclico: ocorre, em média, a cada cinco anos.
Quando chega o período chuvoso na cidade — de outubro a março —, os moradores costumam ficar de cabelo em pé. É que, além do risco de extravasamento do rio, vários pontos de grande fluxo de trânsito também costumam alagar, como as avenidas 31 de Março e Armando Salles de Oliveira, no centro.
A interferência humana nos cursos d’água e o mau uso do espaço urbano causam situações semelhantes em muitas cidades em todo o mundo, e várias delas já adotaram estratégias para combater esse problema, inclusive no Brasil. Trata-se de uma iniciativa batizada de “cidade-esponja”. O conceito é simples: parar de lutar contra a água e se adaptar a ela.
Um projeto idealizado por dois pesquisadores ligados à USP/Esalq e ao Pecege, o engenheiro agrônomo Asdrubal Farias Ramirez e a engenheira agrícola Maria Alejandra Moreno Pizani, mescla essa e outras estratégias para ajudar no caso de Piracicaba. Confira na entrevista que eles concederam à Revista Estratégias e Soluções (E&S), da Editora Pecege, em conversa com a apresentadora Soraia Fessel.
O objetivo principal das mudanças arquitetônicas e urbanísticas que fazem uma cidade ser “esponja” é encontrar soluções que ajudem a absorver as águas da chuva e desviá-las para o lençol freático. Esse modelo inspirou o projeto que Asdrubal e Maria Alejandra querem implantar em Piracicaba.
A ideia é aproveitar as condições da cidade, principalmente as áreas verdes, para aumentar a permeabilidade do solo. Como diz Asdrubal, não é necessário fazer obras monumentais e custosas, existem soluções simples, como os “jardins de chuva”, mais orientadas para a natureza, que podem ser eficazes para resolver o problema das enchentes e alagamentos.
Inspirado nas cidades-esponja e com algumas adaptações locais, o projeto desses dois especialistas é transformar Piracicaba em uma cidade resiliente. “Temos [dentro do plano] soluções estruturais e não estruturais. A gente fez um ‘blending’ do melhor que achamos na literatura e nas experiências [de outros locais], para adaptar à cidade de Piracicaba”, afirmou Maria Alejandra.
Sobre os entrevistados
Asdrubal Farias Ramirez
Engenheiro agrônomo especialista em recursos hídricos
Maria Alejandra Moreno Pizani
Engenheira agrícola e gestora do Pecege Internacional