Relação entre Liderança e a prática de Artes Marciais
18 de janeiro de 2023
12 min de leitura
DOI: 10.22167/2675-6528-20230002
E&S 2023,4: e20230002
Mario Cesar Martins e André Luíz Ferreira
Um líder pode tanto motivar como desmotivar uma equipe por meio de suas atitudes, estratégias e abordagem comunicacional adotada. Por trabalhar diretamente com pessoas, o bom líder deve desenvolver a habilidade de esclarecer objetivos para os seus liderados, bem como os caminhos a serem trilhados para conduzir as atividades, no sentido de trazer benefícios para a organização em que trabalha[1], [2], [3], [4].
Líderes com melhores resultados não contam somente com um estilo de liderança, ao contrário, eles recorrem a estilos diferentes conforme a situação enfrentada. Por exemplo: para um momento de crise, fazem uso do estilo coercitivo; quando as mudanças requerem uma nova visão, o estilo é o confiável; já quando se pretende motivar as pessoas, o estilo é o agregador; para obter contribuição de funcionários de valor, o estilo democrático; para obter resultados de uma equipe altamente motivada e competente, o estilo agressivo e; para auxiliar um funcionário a melhorar seu desempenho, o conselheiro[5].
Há diversas experiências, formações e vivências que podem contribuir para o desenvolvimento de comportamentos de liderança. Entre tais experiências, pode ser citada a prática de Artes Marciais. Os autores Costa[5] e Lacrose e Nunes[6] demonstraram que as Artes Marciais podem impactar na redução da agressividade em adolescentes nas aulas de Educação Física, contribuindo, assim, para o autocontrole dos alunos e para sua formação como cidadão, ou até mesmo como ferramenta para o desenvolvimento humano.
De modo geral, algumas características psicológicas percebidas nos praticantes de Artes Marciais coincidem com aquelas apontadas na literatura marcial, como o aumento da concentração, da autoconfiança e do autocontrole, desenvolvimento nas habilidades sociais e, principalmente, o respeito mútuo. Todas estas características são aspectos preconizados por muitos mestres, a exemplo de Gichin Funakoshi, principal divulgador da Arte Marcial pelo arquipélago japonês, deixando como legado o Karatê Shotokan. Ainda no que diz respeito aos aspectos psicológicos, a prática das Artes Marciais tem indicado o efeito positivo na redução dos níveis de ansiedade, da depressão e do estresse, podendo prevenir a Síndrome de Burnout e a procrastinação.
Ainda que tenha potencial para promover tais comportamentos, trabalhos envolvendo a temática da relação entre a prática de Artes Marciais com o desenvolvimento de habilidades de liderança não são tão comuns na literatura. Assim, de maneira inicial, com uma investigação de caráter exploratório, é possível realizar uma pesquisa de opinião ouvindo pessoas que têm, ou tiveram, essa vivência para verificar se elas acreditam que a prática de Artes Marciais pode contribuir para o desenvolvimento de habilidades de liderança.
Diante disso, o objetivo foi analisar se a prática das Artes Marciais aliadas à sua filosofia pode se tornar uma ferramenta importante para auxiliar na formação e desenvolvimento de líderes no ambiente organizacional.
A pesquisa assumiu abordagem exploratória, sendo o tipo de estudo que busca proporcionar maior entendimento sobre determinado problema[7]. Para a abordagem do problema, foi adotada a pesquisa quantitativa e qualitativa, não sendo realizados testes estatísticos nos dados coletados[8].
A pesquisa ocorreu no ambiente on-line, por meio da aplicação de um questionário pela plataforma Google Forms, do tipo semiestruturado. Foram desenvolvidas três seções, sendo a primeira relativa a características sociais e perfil do respondente, como idade, gênero, região, estado civil, composição familiar e escolaridade. A segunda seção abordou a relação entre a liderança e a prática esportiva, com o papel central do líder em relação às pessoas e aos ambientes envolvidos e, para a terceira seção, foi abordado a relação entre a prática de Artes Marciais com o desenvolvimento de líderes.
A pesquisa foi liberada no dia 10 de setembro de 2021 e encerrada no dia 30 de setembro do mesmo ano, ficando disponível para ser respondida por vinte dias. Encerrado o período de coleta das respostas, os dados foram organizados, tabulados e preparados para análise.
A condução dos respondentes no preenchimento do questionário foi realizada por meio da seleção direcionada aos praticantes de esportes e de Artes Marciais, sendo que a quantidade de respondentes para cada seção do questionário foi obtida de forma eliminatória, com a primeira seção composta de 369 (trezentos e sessenta e nove) respondentes. Ressalta-se que essa seção funcionou como filtro da seção subsequente, aonde somente foram para a segunda seção os respondentes que declararam que a prática de esportes é importante para a formação de um líder.
Na segunda seção, que explorou as experiências esportivas dos respondentes, foram contabilizados 40 (quarenta) respondentes entre 127 (cento e vinte e sete) que declararam acreditar que o esporte ou atividades coletivas são importantes para a formação de um líder. Essa etapa também foi eliminatória, tendo em vista que somente passaram para a terceira seção aqueles que responderam que praticam algum tipo de Arte Marcial, totalizando 15 (quinze) respondentes.
O direcionamento e seleção dos respondentes da pesquisa foi fundamental para mensuração do nível de consciência dos praticantes de Artes Marciais a respeito da importância de praticá-las no desenvolvimento de líderes nas organizações.
Iniciando a análise dos resultados obtidos, sobre a faixa etária dos respondentes, a maioria (135 participantes; 36,6%) tem entre 42 e 49 anos, seguido de pessoas com 50 anos ou mais (128 participantes; 34,7%), logo após tem-se respondentes na faixa dos 34 e 41 anos (61 participantes – 16,5%) e, menor número de respondentes abaixo dos 34 anos (32 participantes entre 26 e 33 anos – 8,7% – e; 13 participantes entre 18 e 25 anos – 2,43% –) (Figura 1a). Quanto à região em que moram, a maioria pertence a Região Sudeste (314 participantes; 85,10%), seguida de pessoas que estão no exterior (25 participantes; 6,8%) e na Região Centro-Oeste (12 participantes; 3,3%), já para os demais respondentes, esses estão distribuídos entre as regiões Sul (9 participantes, 2,4%), Norte (7 respondentes; 1,9%) e Nordeste (2 participantes; 0,5%) (Figura 1b).
A respeito do estado civil, a maioria dos respondentes era casado(a) (257 participantes; 69,60%), seguido dos solteiros (64 participantes; 17,3), divorciados (39; 10,6%) e, em menor quantidade, viúvos (9 participantes; 2,4%) (Figura 1c). Em relação à quantidade de filhos, a maioria dos respondentes afirmou ter dois filhos (118; 32,0%). Do restante, 94 participantes têm um filho(a) (25,5%), 29 com três filhos (7,9%), 6 com quatro filhos ou mais (1,6%) e 84 participantes não têm filhos (22,8%). Destaca-se que 38 participantes (10,3%) não responderam a essa pergunta (Figura 1d).
Figura 1. Perfil dos respondentes da pesquisa sobre a influência da prática das artes marciais na formação de lideranças
Nota: a = Faixa etária dos respondentes; b = região de residência; c = estado civil dos respondentes; d = quantidade de filhos; e = nível de escolaridade
Fonte: Elaborado pelo autor
Quanto ao nível de escolaridade, verificou-se que a maioria dos respondentes tem pós-graduação (172; 46,6%), seguido de 107 que possuem ensino superior completo (29,0%), 26 participantes possuem ensino médio completo (7,0%), 23 indivíduos possuem ensino superior incompleto (6,2%) e 1 participante relatou possuir ensino fundamental completo (0,3%), mesma porcentagem dos que possuem ensino médio incompleto. Ressalta-se que 39 respondentes não responderam a essa questão (10,6%) (Figura 1e).
A identificação do perfil dos respondentes é importante em pesquisas de opinião, sendo fundamental conhecer o contexto das pessoas que participam fornecendo as respostas, pôde ser percebido que se trata de pessoas com maior experiência de vida, o que leva a maior probabilidade de encontros com diferentes lideranças na jornada profissional. Buscando analisar a percepção do respondente em relação ao papel do líder diante de sua equipe, foram elaborados nove questionamentos, no formato de múltipla escolha, medindo o grau de concordância com a afirmação apresentada, assim graduados: discordo totalmente (1); discordo (2); nem discordo, nem concordo (3); concordo (4); concordo totalmente (5) (Tabela 1). A partir destes questionamentos foi possível elencar o ranking sobre o líder e seu papel em equipes, destacando-se que cada respondente poderia escolher mais de uma opção.
Tabela 1. Afirmativas e concordância sobre o papel do líder dentro das equipes de trabalho nas organizações
Afirmação | (1) | (2) | (3) | (4) | (5) |
_________________%________________ | |||||
1. É papel central do líder promover cooperação ao invés de competição entre os funcionários. | 0,5 | 0,8 | 4,9 | 43,1 | 50,7 |
2. É papel central do líder promover competição ao invés de cooperação entre os funcionários. | 42,8 | 41,7 | 7,6 | 4,1 | 3,8 |
3. A hierarquia bem definida é importante para manter a harmonia no ambiente de trabalho. | 1,4 | 6,8 | 14,1 | 55,0 | 22,8 |
4. Os programas de liderança devem ser focados em relação aos desafios futuros da organização. | 0,5 | 3,5 | 13,0 | 64,2 | 18,7 |
5. O líder do futuro deverá saber liderar à distância (times virtuais). | 0,0 | 1,9 | 4,3 | 51,5 | 42,3 |
6. O líder deve conquistar o respeito pelo time através das suas atitudes e não apenas dos seus conhecimentos técnicos. | 0,0 | 0,8 | 2,4 | 41,2 | 55,6 |
7. O time deve respeitar o líder por seus conhecimentos técnicos e seu posicionamento hierárquico, independente das suas atitudes. | 21,4 | 45,5 | 11,9 | 19,2 | 1,9 |
8. O desenvolvimento de um líder se faz pela exposição e desafios de diferentes complexidades. | 0,0 | 2,2 | 13,6 | 63,1 | 20,9 |
9. O bom líder deve saber lidar com as diferenças, sem preconceitos, retirando o máximo potencial que existe dentro de cada um. | 0,0 | 0,0 | 0,0 | 33,3 | 66,7 |
Fonte: Elaborado pelo autor
Interessante observar que a maioria dos respondentes destacou que o líder não deve promover competição entre os liderados, pelo contrário infere-se que a cooperação deve ser incentivada dentro do papel da liderança. Outro ponto de destaque na discordância da maioria dos respondentes (66,9%) foi em respeitar a figura do líder por sua posição hierárquica, ou até mesmo seus conhecimentos técnicos, o que permite inferir que no cenário atual, as soft skills (habilidades comportamentais) são fundamentais para a boa condução de equipes (Tabela 1).
Em relação aos pontos de concordância mais indicados pelos respondentes (Tabela 1), a afirmação que gerou a maior taxa de resposta foi que “O bom líder deve saber lidar com as diferenças, sem preconceitos, retirando o máximo potencial que existe dentro de cada um” com a totalidade de concordância. Para as demais perguntas realizadas, todas obtiveram taxa de resposta superior a 84% de concordância, o que mostra que líderes precisam se preocupar tanto com fatores voltados para a organização, como os futuros desafios e a estrutura organizacional, assim como as relações entre os colaboradores. Quando questionados quanto aos fatores essenciais que um líder deve ter, foi solicitado que os respondentes apontassem 4 deles. Após a coleta das respostas obteve-se que, no contexto organizacional os mais escolhidos foram “ter solidez de caráter e coerência em suas atitudes”, seguido de “saber lidar com complexidade e mudança”, “desenvolver a si mesmo e aos seus liderados” e, “ter visão ampla do negócio” (Figura 2). Assim, evidenciando que a imagem do líder deve ser tratada com atenção, sendo percebido que, por ser uma pessoa em evidência, está constantemente sob avaliação dos liderados em suas atitudes e capacidade de tomada de decisão.
Figura 2. Fatores comportamentais e técnicos essenciais que o líder deve ter em uma organização
Fonte: Elaborado pelo autor
O líder, estando em posição de destaque, é observado pela equipe na rotina de trabalho, porém, não apenas dentro, mas suas atividades externas à organização também podem ser consideradas importantes na formação e imagem do líder. Foi questionado aos respondentes os fatores externos a organização, considerados importantes para a formação do líder, possibilitando a escolha de até 3 fatores (Figura 3). Nas respostas obtidas, ter autoconhecimento, experiência em cargos de liderança e ter cultura geral foram as 3 respostas mais recorrentes e, em relação a prática de esportes, um terço dos respondentes consideraram importante dentro do processo de formação de um líder.
Dos 127 respondentes que elencaram a prática de esportes na formação de um líder, foram selecionados aqueles que consideraram esse aspecto com um dos mais importantes, resultando em 40 participantes que foram para a segunda parte da pesquisa.
Figura 3. Fatores externos considerados importantes para a formação de um líder, escolha dos 3 fatores considerados mais importantes
Fonte: Elaborado pelo autor
Os participantes da segunda parte da pesquisa foram questionados quanto aos esportes que praticam ou já tenham praticado, dos 5 esportes mais indicados, foi obtido que a maioria dos respondentes declarou praticar esportes com bola (22 participantes; 55%), seguido de ginástica (17 participantes, 42,5%), esportes aquáticos (16 participantes, 40%), prática de Artes Marciais (14 participantes, 35%) e atletismo (8 participantes, 20%). Pôde ser percebida a grande variedade de esportes praticados, sendo vantajoso para a pesquisa por trazer diferentes visões nos vários campos esportivos e filosofias que poderiam influenciar na liderança (Figura 4).
Figura 4. Esportes que praticam ou já praticados pelos respondentes da pesquisa
Fonte: Elaborado pelo autor
Não apenas a variedade de esportes, o tempo praticado foi perguntado aos respondentes, obtendo-se que a maioria afirmou praticar por mais de 6 anos (29 participantes; 72,50%), 3 (três) indivíduos entre 4 e 6 anos (7,50%), 4 (quatro) respondentes entre 2 e 4 anos (10%), a mesma porcentagem que respondeu se dedicar aos esportes entre 1 e 2 anos (Figura 5). Desta maneira, os respondentes selecionados que indicaram o esporte como importante para a formação do líder possuíam bom tempo de inserção nas atividades, trazendo maior assertividade às respostas e pontos levantados sobre a formação do líder e sua relação com a prática esportiva.
Figura 5. Tempo de dedicação aos esportes com prática declarada pelos respondentes da pesquisa
Fonte: Elaborado pelo autor
Dentro da percepção dos participantes dos benefícios da prática esportiva dentro do desenvolvimento próprio, foi questionado sobre as características que os respondentes acreditavam que não possuíam e que a prática de esportes ajudou a desenvolver. Dentro das respostas obtidas, 30 indivíduos informaram ser a autoconfiança (75% dos respondentes), seguida pelo autocontrole com 24 respostas (60%) e cooperação com 23 respostas (57,5%) (Figura 6). Ao analisar os dados, observou-se que as características relatadas como desenvolvidas convergem para os mesmos pontos levantados sobre aspectos importantes na liderança (Figura 2).
Figura 6. Características que podem ser desenvolvidas com a prática esportiva
Fonte: Elaborado pelo autor
Buscando medir a percepção dos respondentes sobre a relação da liderança com a prática esportiva, foram elaborados nove questionamentos, no formato de múltipla escolha medindo o grau de concordância do mesmo com a afirmação apresentada, assim graduados: discordo totalmente (1); discordo (2); nem discordo, nem concordo (3); concordo (4); concordo totalmente (5) (Tabela 2). Observou-se que todas as afirmações relacionadas a boa liderança tiveram concordância em relação à prática esportiva.
Tabela 2. percepção dos respondentes sobre a relação da liderança com a prática esportiva
Afirmação | (1) | (2) | (3) | (4) | (5) |
_______________%_______________ | |||||
1. Praticar esporte(s) permite(m) o desenvolvimento do autoconhecimento. | 0,0 | 0,0 | 2,5 | 52,5 | 45,0 |
2. Praticar esporte(s) permite(m) sentir-se confortável diante de diversidades e diferenças de opinião. | 0,0 | 0,0 | 15,0 | 60,0 | 25,0 |
3. Praticar esporte(s) auxilia(m) a lidar com situações conflituosas e resolvê-las de maneira pacífica. | 0,0 | 2,5 | 7,5 | 62,5 | 27,5 |
4. Ao praticar esportes estimula a lidar melhor com as emoções, tanto positivas quanto negativas. | 0,0 | 0,0 | 0,0 | 50,0 | 50,0 |
5. A prática esportiva auxilia a tomar decisões menos impulsivas. | 0,0 | 2,5 | 25,0 | 52,5 | 20,0 |
6. A prática de esportes dá(ão) oportunidade(s) de desenvolver outras pessoas. | 0,0 | 0,0 | 7,5 | 52,5 | 40,0 |
7. A prática de esportes contribui para o desempenho em cargos de liderança. | 0,0 | 2,5 | 10,0 | 52,5 | 35,0 |
Fonte: Elaborado pelo autor
Em relação aos resultados apresentados na Tabela 2, a afirmação que gerou a maior concordância foi “praticar esportes estimula a lidar melhor com as emoções, tanto positivas quanto negativas.” com 100% das respostas, característica procurada na liderança, uma vez que conduzir equipes e tomar decisões requer autocontrole e análise. Aos demais questionamentos realizados, todos obtiveram taxa de resposta superior a 70%.
O planejamento desta seção do questionário considerou a inserção de características ligadas a liderança, verificando a concordância dos respondentes, o que mostrou que para os participantes amostrados, a prática esportiva traz uma série de qualidades ligadas a liderança.
Buscando aferir a percepção dos respondentes sobre a relação da liderança com a prática de Artes Marciais, foram elaborados nove (9) questionamentos, no formato de múltipla escolha medindo o grau de concordância do mesmo com a afirmação apresentada, assim graduados: discordo totalmente (1); discordo (2); nem discordo, nem concordo (3), concordo (4); concordo totalmente (5) (Tabela 3). Tanto os dados relacionados à prática esportiva quanto a relacionada às Artes Marciais tiveram sua maioria de concordância em relação ao desenvolvimento de líderes.
Tabela 3. percepção dos respondentes sobre a relação da liderança com a prática de Artes Marciais
Afirmação | (1) | (2) | (3) | (4) | (5) |
_______________%_______________ | |||||
1. Um praticante de artes marciais tem acesso a aprendizagem de habilidades fundamentais para a construção de um bom perfil de liderança. | 0,0 | 0,0 | 6,7 | 40,0 | 53,3 |
2. As artes marciais têm programa definido de desenvolvimento técnico. | 0,0 | 0,0 | 0,0 | 60,0 | 40,0 |
3. Artes marciais são ferramentas importantes para o desenvolvimento de habilidades de relacionamento interpessoal. | 0,0 | 0,0 | 6,7 | 46,7 | 46,7 |
4. Artes marciais são ferramentas que podem contribuir para a formação e coesão de um grupo | 0,0 | 0,0 | 6,7 | 33,3 | 60,0 |
5. As artes marciais promovem o autoconhecimento através de situações de stress. | 0,0 | 0,0 | 0,0 | 53,3 | 46,7 |
6. Artes marciais preparam o praticante para desenvolver soluções em situações aparentemente sem saída. | 0,0 | 0,0 | 0,0 | 60,0 | 40,0 |
7. As artes marciais preparam os praticantes para terem disciplina e foco. | 0,0 | 0,0 | 0,0 | 26,7 | 73,3 |
8. As artes marciais potencializam em seus praticantes a sensibilidade e a percepção das relações em situações de conflito. | 0,0 | 0,0 | 0,0 | 53,3 | 48,7 |
9. As artes marciais potencializam o processo de ensino-aprendizagem por provocar experiências em situações de stress e contato corporal. | 0,0 | 0,0 | 0,0 | 53,3 | 46,7 |
10. O praticante de artes marciais aumenta sua empatia por passar pelas mesmas experiências em situações difíceis de superação. | 0,0 | 0,0 | 6,7 | 53,3 | 40,0 |
11. O praticante de artes marciais é provocado constantemente a dominar suas emoções. | 0,0 | 0,0 | 6,7 | 46,7 | 46,7 |
12. O praticante de artes marciais é treinado a ouvir, melhorando assim sua comunicação não violenta. | 0,0 | 0,0 | 6,7 | 53,3 | 40,0 |
13. Através das lutas, o praticante de artes marciais aprende a tomar decisões nas horas certas, diminuindo a ansiedade. | 0,0 | 0,0 | 6,7 | 53,3 | 40,0 |
Fonte: Elaborado pelo autor
Pode ser percebido que, para os participantes da pesquisa, as Artes Marciais auxiliam no desenvolvimento de uma série de habilidades interpessoais e de autoconhecimento, de forma a fornecer as pessoas características ligadas a liderança e ao autocontrole para resolver situações problema. Pelas atividades praticadas nas Artes Marciais durante as aulas, desenvolver a concentração mental, a atitude adequada diante das situações vividas, o caráter, o autoconhecimento, a autoconfiança e o autocontrole são algumas das características trabalhadas nessa modalidade, mediante observações e experiências vivenciadas pelos respondentes.
É importante salientar que, a prática de Artes Marciais pode desenvolver liderança em várias vertentes dentro das organizações, tais como Gestão da mudança, Avaliação de potencial no processo sucessório, Comunicação não violenta, A liderança e o feminino, Ajuste da cultura organizacional, dentre tantas outras. Assim, tanto os líderes quanto os colaboradores necessitam de treinamentos periódicos para que o processo aconteça de forma eficaz e tais treinamentos devem ser cada vez mais potencializados e aprofundados para que apresente rendimentos e resultados positivos. Desta forma, é necessário que o treinamento aconteça com periodicidade, sempre planejado de acordo com as fases em que cada área e indivíduo se encontram.
Os principais resultados obtidos valendo-se da metodologia de pesquisa adotada foram no sentido de que a prática de Artes Marciais, considerando-se elementos nela explorados, como a integridade, a perseverança, o autocontrole e a cooperação, pode contribuir para a formação de um líder, na medida em que a liderança pode ser um dom nato, mas também uma habilidade que pode ser aprendida e desenvolvida. Sendo assim, a conclusão à qual se chega é que não basta que uma pessoa apresente títulos, cursos e certificados para que possa se enquadrar como líder. Muito embora habilidades técnicas (hard skills) sejam importantes, é preciso, também, que o líder desenvolva habilidades comportamentais (soft skills), de modo que um bom líder é o que cuida e respeita os integrantes de sua equipe e se preocupa com o desenvolvimento das pessoas, aspectos trabalhados com a prática esportiva, como as Artes Marciais.
Referências
[1] Charan R. O líder criador de líderes. A gestão de talentos para garantir o futuro e a sucessão. 2008. Elsevier, São Paulo, SP, Brasil.
[2] Chiavenato I. Administração nos novos tempos. 2ed. 2010.Campus, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
[3] Chiavenato I. Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações. 4ed. 2014. Manole, Barueri, SP, Brasil.
[4] Bergamini C.W. Motivação nas organizações. 6ed. 2013. Atlas, São Paulo, SP, Brasil.
[5] Costa C.F.T. Emoções e desempenho de atletas do jiu-jítsu brasileiro: a arte suave em foco [Tese]. Aracaju: UNIT; 2020.
[6] Lacrose F.L; Nunes S.A.N. Artes marciais e desenvolvimento humano. Uma revisão de literatura. Revista Digital. Buenos Aires. 2015; 19(202):1-5.
[7] Lakatos E.M.; Marconi M.A. Metodologia científica. 6ed. 2011. Atlas, São Paulo, SP, Brasil.
[8] Goldemberg M. A arte de pesquisar: como fazer pesquisa qualitativa em ciências sociais. 2011. Record, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Como citar
Martins C.M.; Ferreira A.L. Relação entre Liderança e a prática de Artes Marciais. Revista E&S. 2023; 4: e20230002.
Sobre os autores
Mario Cesar Martins, Administrador e Profissional de Educação Física, Especialista em Gestão de Pessoas, São Paulo, SP, Brasil.
André Luíz Ferreira, Doutor em Psicologia, Professor de ensino superior, Piracicaba, SP, Brasil.
Link para download: https://revistaes.com.br/wp-content/uploads/2023/01/ES_23002-1.pdf